Time sofre com desorganização na primeira etapa, mas vira no fôlego das substituições

O roteiro parecia ser o mesmo dos últimos jogos fora de casa. Um time desorganizado, envolvido por um adversário inferior e que abusou das falhas individuais. A diferença é que o Vasco não desistiu e, no fôlego das substituições, venceu o Operário-PR por 3 a 2, no Estádio Germano Krüger, na noite da última terça-feira. No desespero, o time ganha mais uma rodada no G-4.

O primeiro tempo foi digno de entrar na lista das piores atuações do Vasco na Série B. Na tentativa de pressionar o adversário, o time adiantou as linhas e cedeu espaços para os contra-ataques perigosos e já esperados do Operário.

Tônica do Vasco nos jogos fora de casa, as falhas individuais - uma sucessão delas - quase custaram a nona derrota seguida longe do Rio. Com a marcação alta de Jorginho, o Operário se beneficiou aos 14 minutos em ligação direta da defesa para o ataque. Anderson Conceição errou primeiro, ao dar todo o espaço necessário para Felipe Garcia cruzar da linha de fundo. Boza não deu cobertura na área, e Thiago Rodrigues demorou a sair do gol. Tudo favoreceu para Javier Reina cabecear e marcar.

Sem histórico de reação nesta Série B, o Vasco foi um vazio de ideias no primeiro tempo. Faltou compactação e movimentação na frente para confundir a defesa do Operário, que encaixou a marcação, apesar dos espaços cedidos. A sorte do time de Jorginho é que o mandante, limitado, também errou muito e desperdiçou as chegadas ao ataque. Ao Vasco faltou competitividade e vibração, e o time pareceu entregue em mais de um lance.

A escolha do treinador por Figueiredo é compreensível, mas Marlon Gomes fez falta na primeira etapa. Raniel, bancado por Jorginho, viveu mais uma noite difícil. Se contra o Londrina o atacante ao menos foi participativo e se apresentou para oportunidades, em Ponta Grossa o jogo não o favoreceu. O camisa 9 até trocou de lugar com Eguinaldo algumas vezes, mas nada funcionou. Não teve oportunidade para fazer o pivô e não justificou a opção. Zé Gabriel na vaga de Yuri também não deu certo. O volante errou saídas e perdeu algumas bolas.

- Equipe muito espaçada, a gente não ficou bem-posicionado, principalmente no forte deles que são os contra-ataques, erramos no gol deles, a gente sabe que não fez um bom primeiro tempo - avaliou Jorginho após a partida.


A história do jogo mudou após o intervalo, e o primeiro bom lance do Vasco saiu aos 4 minutos com chute de fora da área de Andrey Santos. Mais uma vez, foi na vontade dos crias que o time melhorou a postura.

Não que o Vasco tenha sido um exemplo de organização no segundo tempo. Mas o desespero funcionou, e Jorginho escolheu ser corajoso, afinal a derrota que se desenhava era catastrófica para os planos do clube, que poderia até sair do G-4 com uma combinação de resultados.

O meio-campo ganhou qualidade técnica com Andrey, Marlon e Alex Teixeira, mas perdeu recomposição, principalmente nos minutos finais. Gabriel Pec e Bruno Tubarão entraram com a transpiração que faltou no primeiro tempo. E Figueiredo foi deslocado para a lateral direita. O Vasco foi para o tudo ou nada, e a movimentação das peças foi fundamental para os gols vascaínos.

O Vasco, que quase não acertou cruzamentos com Leo Matos e Edimar, conseguiu o empate após cobrança de escanteio de Tubarão. A bola aérea é um dos pontos frágeis do Operário e precisava ser melhor explorada. Boza conseguiu cabecear no lance, a defesa afastou mal, e o atacante, voltando da linha de fundo, acertou um belo chute no melhor momento carioca no jogo.

O time de Jorginho, com mais presença no ataque, chegou a ter a chance da virada em seguida, em lance de Alex Teixeira e Tubarão novamente. Mas, quando o Vasco dava a entender que conseguiria virar, novos erros entraram em cena. O Operário conseguiu faltas seguidas perto da área e em uma delas voltou à frente do placar se aproveitando de falha de Thiago Rodrigues, que deu um soco na bola pra dentro da área. Paulo Victor ficou com a sobra e teve todo o espaço do mundo pra ajeitar e finalizar. Os jogadores vascaínos têm sérios problemas de pressionar a bola.

O jogo no fim ficou aberto em função do cansaço dos dois lados. Ao mesmo tempo em que o Vasco tinha mais fôlego ofensivo pra pressionar, também cedia espaços no meio para o Operário transitar. Mas se faltou cruzamento na primeira etapa, Figueiredo fez bem o papel de lateral nos minutos finais e acertou belo cruzamento para Alex Teixeira desencantar e empatar novamente aos 43. O atacante havia entrado bem e já tinha ensaiado um chute perigoso minutos antes.

Numa recuperação de bola de Andrey o Vasco virou seis minutos depois. Foi a vez de outro cria dar as caras: Pec cruzou da esquerda para Alex Teixeira desviar para as redes. Foram os primeiros gols do camisa 7 em seu retorno ao clube. E gols de centroavante. Era Erick quem fazia a função no fim da partida, mas Alex se deslocou ambas as vezes para aproveitar as chances na área.

Os gols de Alex Teixeira, suspenso para a partida, recolocam o time nos trilhos e trazem o torcedor pra perto de novo. As entradas de Figueiredo e Pec nas pontas também agradaram. O próprio Tubarão entrou bem. O Vasco precisa de entrega.

A primeira virada na Série B veio em momento crucial. O Vasco planeja chegar contra o Sport, na 35ª rodada, sem riscos de ser ultrapassado pelo time pernambucano. Para isso, precisa fazer valer o fator casa no próximo sábado, às 18h30, contra o Novorizontino. Yuri Lara voltará ao meio-campo após cumprir suspensão, e Jorginho poderá fazer mais mudanças a partir da análise do segundo tempo da partida em Ponta Grossa.

- O Novorizontino não vai ser fácil, os caras estão com a corda no pescoço, então é um momento que a gente tem que analisar o jogo para tomar uma decisão. Mas uma coisa é certa: o time vai ser ofensivo, precisa ser uma equipe que possa propor o jogo, que tenha coragem, para que a gente possa trazer a alegria e confiança ao torcedor - concluiu o treinador.


Fonte: g1.com / ge

Texto: Emanuelle Ribeiro / Ponta Grossa - Pr
















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